As Europeias 2009
Da análise às
eleições do passado Domingo, e pese embora no contexto europeu se ter mantido,
no essencial, a maioria parlamentar do
PPE (que reúne os partidos de direita), na
realidade nacional
parecem emergir algumas tendências merecedoras de breve reflexão. Desde logo,
uma primeira decorre do desinteresse generalizado dos cidadãos quanto ao projecto
europeu. Na verdade, a abstenção verificada em Portugal, embora sem atingir os máximos
de 1994, cifrou-se, ainda assim, entre os valores mais elevados registados
neste tipo de processo eleitoral. Perante tais dados duas conclusões
sobressaem: ou os cidadãos não se revêem nos seus representantes ou, de todo,
não querem, não estão sensibilizados, ou a construção europeia não os motiva.
Independentemente das causas para tamanho desinteresse, a sua ocorrência
deveria exigir a convocação e mobilização dos agentes políticos para o combate
ao fenómeno. Ainda que largamente imperfeita e com evidentes vícios, União Europeia
faz falta. Não apenas a nós, mas à generalidade dos europeus.
Uma segunda conclusão
parece evidente: o partido do governo foi duramente castigado pelos resultados
da vontade dos portugueses, traduzindo o descontentamento e conseqüente punição
popular pela acção governativa, perdendo percentualmente e em número de
mandatos, uma descida
que representa a erosão de quase metade da confiança expressa há cinco anos.
Um terceiro juízo é
possível extrair dos resultados do acto eleitoral de 07 de Junho. Os partidos do
bloco central (PS e PSD), contabilizaram por junto, bem menos de dois terços do
total de votos, o que poderá indiciar algum desgaste das respectivas propostas
políticas. Beneficiando da desconfiança dos eleitores face aos projectos dos
partidos habitualmente conotados com a governação, assinala-se o crescimento
dos partidos marginais (CDU e BE, à esquerda e PP à direita) que reforçaram os
seus eleitorados, com particular destaque no caso do BE que, alcançou, em
comparação com 2004, uma ascensão importante, mantendo, CDU e PP votações
idênticas.
Uma última nota para
as empresas de sondagens que, durante a campanha foram avançando estudos que
vieram a divergir dos resultados das projeções e dos apurados no dia das eleições.
Não cabe neste pequeno comentário a análise ou reflexão a tais desvios. Sendo, todavia,
alguns destes casos recorrentes e conhecendo-se, tanto a possibilidade de manipulação
destas investigações, quanto os efeitos de condicionamento dos eleitorados decorrentes
destas práticas de enviesamento deliberado, conviria, a bem da democracia, que
a acção destas empresas pudesse ser alvo de rigoroso escrutínio.
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